Câmara de Convergência: representantes das zonas urbana e rural do município discutem falta de energia elétrica

Na manhã desta quarta-feira (21), a Câmara de Vereadores promoveu reunião para tratar sobre a falta de energia elétrica nas zonas urbana e rural de Cachoeira do Sul, devido aos últimos temporais. O debate, que integra o projeto Câmara de Convergência, reuniu representantes de entidades do município, empresas prestadoras de serviço e concessionárias de energia, bem como moradores de diversas localidades do interior.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Cleudia Camargo, a realização do debate se deu em razão das frequentes reivindicações da população da zona rural. “Queremos sair desse encontro com algum tipo de encaminhamento, pois somente discussão não basta. O pessoal do interior sofre com esse problema desde 2012 e, esse ano, tiveram localidades que chegaram a ficar dez dias sem luz”, criticou.
 
Principais problemas
Conforme os pronunciamentos dos moradores, as dificuldades enfrentadas com maior frequência nas localidades rurais são a falta de manutenção e substituição dos postes de madeira pelos de concreto, poda de vegetação existente ao redor dos postes, rompimento de cabos fornecedores de energia, e falta de assistência na Central de Atendimento da AES Sul. “Quem vai arcar com os prejuízos que tivemos? Quero saber se o problema é a localização das redes ou a falta de profissionais para atuarem”, questionou Carolina Larrondo, vice-presidente do Comagro.
 
Reivindicações dos moradores
João Aued, representante da localidade de Olivas do Sul, destacou a falta de preparo, por parte da AES Sul, em resolver situações emergenciais. “Uma concessionária precisa estar preparada para as consequências dos temporais. A AES Sul tem de realizar manutenção preventiva, mas a equipe toma suas providências somente quando o poste já está caído”, desabafou. “Eles dizem que o avanço custará caro ao contribuinte, mas nós já pagamos um preço muito alto. A AES Sul está devendo para Cachoeira”, concluiu.
Durante a reunião, a tribuna foi utilizada diversas vezes por moradores que exigiam respostas e providências para a falta de energia elétrica no interior. Para complementar suas reivindicações, imagens de postes caídos foram apresentadas ao público. “Na localidade de Faxinal da Guardinha, por exemplo, existem postes que foram colocados em 1983, e que até hoje não foram substituídos, e nem recebem a manutenção necessária”, argumentou o morador Julio Maiquel.
 
Já o representante do Bairro Fátima, na zona sul da cidade, Lucas Steindorff, relatou que próximo à sua casa reside uma pessoa com deficiência física, e que depende diariamente de tratamento por nebulização. De acordo com Lucas, a região é prejudicada constantemente devido ao rompimento dos cabos de energia, que são danificados pelas chuvas e ventos. “Sei que a demanda é grande, mas esse é um problema pequeno e rotineiro. Com a simples troca dos cabos, teremos uma solução definitiva para essa situação”, explicou.
 
STR
Representando o Sindicato dos Trabalhadores Rurais e também a localidade de Irapuazinho, Renato Pinheiro criticou a falta de atenção do Poder Público para com o interior do município. “Anteriormente, fizemos um relatório com os prejuízos gerados nos períodos em que estivemos sem luz e o entregamos à AES Sul, para que tenham real conhecimento dos danos que sofremos. Estamos todos indignados, mas viemos até aqui pacificamente, tentar resolver os problemas com educação. Temos muita esperança, e acreditamos que com maior empenho, poderemos encontrar uma solução”, afirmou.  
 
Cacisc
O presidente da Câmara de Agronegócio, Comércio, Indústria e Serviços de Cachoeira do Sul, Gerson Santos, considera desrespeitosa a forma como os clientes da AES Sul são atendidos na central telefônica da empresa. “O 0800 é uma piada, pois os funcionários do comércio passam horas tentando completar o atendimento na central e, quando conseguem, a ligação é direcionada a Porto Alegre. O ideal seria existir uma linha direta com uma agência da região, para haver maior agilidade na resolução do problema. Além disso, as mensagens gravadas informam que em duas horas a religação da rede estará concluída. Se é assim, porque o comércio é prejudicado nas suas vendas, por passar d funcionários do comércio nunca conseguem completar o atendimento na central ias sem luz?”, questionou. Gerson aproveitou a oportunidade e parabenizou a proximidade e a eficiência da Celetro em resolver os problemas do interior. “Com eles é olho no olho, e tudo é resolvido com rapidez. Já a AES Sul não tem vínculo nenhum com o consumidor”, criticou.
 
Parlamentares
Em seu pronunciamento, o vereador Vinícius Cornelli (PT) relembrou que em 2012 as comunidades do interior ficaram quatro dias sem energia elétrica. “Se passaram dois anos e a situação piorou, pois hoje, a zona rural está completando oito dias sem luz. Estamos vivendo um período crítico, pois em algumas propriedades, os moradores precisam escolher se querem tomar banho ou manusear uma ordenhadeira”, exemplificou. O parlamentar disse, ainda, que o projeto Câmara de Convergência deve ser atuante e buscar soluções concretas. “A população não pode mais pagar por isso”, concluiu.
 
Já o vereador Marcelinho (PP), criticou a ausência do Executivo Municipal durante o debate. “Qual o apoio que temos para continuar no interior, se não temos pontes e estradas concluídas?”, questionou. Conforme o parlamentar, as representações da zona rural não são ouvidas pela Prefeitura. “Estamos completamente esquecidos. As pessoas estão tendo enormes prejuízos devido à falta de luz, e ninguém dá atenção a quem mora no interior. Nem mesmo os presidentes das associações de bairros são levados em consideração”, lamentou.
 
Celetro e AES Sul
O presidente da Celetro, Benemídio Almeida, agradeceu a população pelos elogios feitos à cooperativa. “Estou aqui para ouvir e responder a todos os questionamentos do público, e fiquei muito feliz e satisfeito com o resultado do nosso trabalho. Não fazemos nada que não seja visando ao bem estar do cachoeirense, e acredito que precisamos estar com a sociedade. A presença e a mobilização do povo é muito importante nesse momento”, afirmou. 
 
A AES Sul esteve representada pelo coordenador regional, Leandro Backes, pelo coordenador regional de operações, Maurício Ferreira, e pela coordenadora de manutenção de obras, Daniela Frizo. “Somente aqui no município de Cachoeira do Sul, a AES Sul investiu cerca de 5 milhões na troca de postes e ampliou em 30% a capacidade de fornecimento de energia. Em relação às podas de vegetação, pedimos que a comunidade evite plantar árvores próximo às redes de energia, pois a nossa equipe passa por um demorado processo até conseguir a licença para podar essas plantas”, explicou Maurício Ferreira.
Ainda segundo o coordenador de operações, 811 atendimentos foram realizados nas zonas urbana e rural de Cachoeira desde 20 de dezembro do ano passado. “A opinião dos consumidores é muito importante, e o nosso foco são os clientes. Estamos nos empenhando ao máximo para resolver todas as situações. Inclusive, solicito cópia da ata desta reunião, para que possamos identificar e atender as reivindicações expostas aqui”, afirmou.
 
Comissão
De acordo com o presidente da Câmara, vereador Frankini (PT), após o debate as entidades formarão uma comissão para definir o período em que irão acompanhar as dificuldades expostas pelos representantes de cada localidade. “O Poder Legislativo irá fiscalizar o processo de atendimento às demandas. Além disso, marcaremos outra reunião para expor à comunidade o andamento das obras de manutenção nos locais prejudicados do interior e bairros do município”, esclareceu Frankini. Farão parte da comissão representantes da Câmara de Vereadores, STR, Comagro, Cacisc, Sindicato dos Trabalhadores e Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
 
Presenças
O debate realizado pelo projeto Câmara de Convergência contou com a participação do presidente do Legislativo, vereador Frankini (PT), dos vereadores Vinícius Cornelli (PT), Marcelinho (PP), Valdocir Marques (PSB) e Jeremias Madeira (PSB), e representantes da AES Sul, Celetro, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Sindicato Rural, Comagro e Corsan. Moradores do interior do município representaram as localidades de Taboão, Rincão dos Menezes, Sanga Funda, Barragem do Capané, Irapuá, Enforcados, Faxinal da Guardinha, Olivas do Sul, Passo D’Areia, Piquiri e Alto da Boa Vista.