Comunidade debate estacionamento rotativo pago em audiência pública

A Comissão de Obras e Serviços Públicos da Câmara de Vereadores realizou, na noite desta quarta-feira (9), na UAB, audiência pública para discutir o PL 71/2019, que instituiu o estacionamento rotativo pago, denominado Área Azul, em Cachoeira do Sul. Nesta sexta-feira (11), será feita uma segunda audiência pública sobre o PL antes de o Plenário deliberar sobre a matéria.
 
A Câmara havia feito uma audiência pública sobre o tema em agosto deste ano, mas como o PL 45/2019, que regulamentava a matéria, foi retirada pelo Executivo para apresentação de novo projeto, as audiências previstas na época foram canceladas, sendo reiniciadas as discussões.
 
O PL 71/2019, que tramita em regime de urgência por solicitação de seu autor, o Executivo, deve ser votado na próxima sessão ordinária (14) ou em sessão extraordinária a ser realizada durante a semana. Como o prazo de 45 dias para apreciação esgotou na última semana, todas as demais deliberações legislativas estão sobrestadas até a sua votação.
 
O debate realizado ontem contou com a presença dos vereadores Marcelinho (PP), Luiz Zimmer (PSB), Valdocir Marques (PTB), Jeremias Madeira (PDT), Carlos Alberto (PP) e Marcelo Figueiró (MDB) e com a participação de cerca de trinta munícipes.
 
O presidente da Comissão de Obras e Serviços Públicos, vereador Marcelinho, abriu o encontro lembrando que o PL está disponível no portal legislativo para acesso a todos. “A ideia de hoje é oportunizar o contato dos vereadores e da população sobre o tema, mas, acima de tudo, ouvir a comunidade”, enfatizou.
 
O primeiro do público a se manifestar, Murilo Quintana, iniciou seu pronunciando destacando que é contrário à instituição do estacionamento rotativo pago. “O povo cachoeirense é pobre”, pontuou.
 
Na sequência, o empresário Mauro Severo, que possui uma loja de artigos esportivos no centro da cidade, relatou o que vê com frequência. “Às 8h30 a Rua Júlio de Castilhos já está lotada pelos veículos de funcionários e empresários. A queixa sobre a falta de estacionamento é unânime. Como o comércio vai se desenvolver assim?”, criticou.
 
O gerente administrativo da Granol, Talis Treichel, afirmou apoiar a ideia, mas se mostrou contrário à instituição de tarifas fixas pelo tempo de uso. “O princípio da economicidade poderia ser melhor explorado, trabalhando com duas variáveis na escolha da empresa, menor preço da tarifa e maior repasse ao município”, acrescentou.
 
Outro tema abordado foi quanto à empresa privada administrar o serviço. Pingo Cerentini e Zélia Moraes defenderam o Executivo deveria ser responsável pelo gerenciamento do sistema. “Eu sou favorável ao estacionamento rotativo desde que a Prefeitura tome conta disso, ou seja, desde que os valores cobrados fiquem para nós, para melhoria de nossa cidade”, disse Zélia.
 
A falta de representantes do Executivo na audiência pública sobre projeto de sua autoria foi questionada por Felipe Faller. “O Poder que encaminha o projeto para a Câmara não vem aqui apresentar as diretrizes do PL? Não vem aqui falar com a comunidade? Espero que na sexta estejam aqui”.
 
O deficiente visual Cláudio Teixeira aproveitou a oportunidade para cobrar maior acessibilidade pelo Poder Público. “Não tive acesso ao projeto, pois ele não está disponível em formato acessível. Precisamos de acessibilidade para participar. Mesmo assim, deixo aqui meu pedido para que reservem vagas apropriadas para pessoas com deficiência”.
 
O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Cachoeira do Sul (Sinmetel), Adriano Cauduro, lembrou que a discussão sobre o estacionamento rotativo na cidade é antiga e sugeriu mudanças no projeto enviado pelo Executivo. “Esse tema não é novo e essa questão de pagar sempre incomoda a gente. Eu também não gostaria de pagar, mas eu quero lugar para estacionar. Como o tema é polêmico, deveríamos começar com algumas ruas principais para ver se dá certo”.
 
No mesmo sentido, foi a sugestão de Roberto Brendler. “Sempre vão ter os favoráveis e contrários a uma proposta, por isso devemos buscar pontos de consenso. Minha sugestão é que paremos de tratar de ‘Área Azul’ e, sim, pensemos em ruas determinadas. Minha ideia é que o rotativo seja instituído nas ruas principais, o que diminuiria, inclusive, o custo com fiscais”.
 
O presidente da Comissão finalizou o encontro afirmando que todas as sugestões serão analisadas pelas comissões do Legislativo. “Vamos estudar cada ideia e crítica em relação ao projeto e às emendas apresentadas”, encerrou Marcelinho.